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UP Entrevista: Movimente e Ocupe seu Bairro (MOB)

05/04/16

Parceiro na consulta à comunidade do Grande Colorado sobre as melhorias para a Avenida São Francisco, o coletivo Movimente e Ocupe seu Bairro (MOB) vem dando voz à população de várias regiões do Distrito Federal. As arquitetas e urbanistas Júlia Sollero, Eduarda Aun, Natália Magaldi, Manuella Coêlho e Thaynã Reis contam como tudo começou.

UPSA – Como surgiu o MOB?

Julia: Meu projeto final de curso focou no incentivo à ocupação do espaço público pelas pessoas através de manuais do tipo faça-você-mesmo. Como eu não tinha colocado as ações em prática ao longo do desenvolvimento do trabalho e as meninas tinham interesses em comum, nos juntamos. A ideia inicial era construir manuais que funcionariam como facilitadores de ocupação de espaços.  Uma das primeiras coisas que fizemos foi um painel nas paradas de ônibus onde as pessoas escreviam as linhas de ônibus e de quanto em quanto tempo eles passavam. Mostramos que as pessoas podem identificar problemas na cidade e protestar de forma rápida, prática e eficaz. No Guará painéis com a frase “O que você deseja para o Guará”, na Rua do Lazer, que acontece uma vez por mês, para as pessoas opinarem. Não estamos restritas ao Plano Piloto, pode ser em qualquer ponto do DF. Seguimos a ideia do Urbanismo Tático. É você, através de ações rápidas, simples, pontuais e de baixo custo, conseguir chamar a atenção para um problema.

UPSA – De onde veio a inspiração?

Eduarda: A gente conhece vários coletivos e organizações tanto no Brasil, como o Shoot the shit, de Porto Alegre, quanto outros espalhados pelo mundo que fazem este tipo de intervenção e que nos inspiraram.

Natalia: É um mundo que está crescendo, são vários coletivos surgindo juntos e é sempre uma troca porque você cria uma coisa e está inspirando outra pessoa lá no outro canto do Brasil.  Nós nos inspiramos muito no pessoal do “A Batata precisa de você” do Córrego do Batata, de São Paulo, que fazem intervenções em praças, convidam as pessoas a propor atividades. As pessoas são receptivas, você troca informações. Entrei em contato com um coletivo do México, a Liga Peatonal, que propõem intervenções para conscientizar sobre o uso excessivo do carro, pintam faixas de pedestre. Fizemos a mesma atividade no Varjão, mandamos fotos para eles e acharam muito legal.

UPSA – E como descobrem as demandas?

Julia – Inicialmente, sentíamos as demandas que eram mais próximas da nossa realidade.  Mas desde que lançamos o MOB, muitas pessoas vêm nos procurar, se identificam com as ações. Ainda estamos estruturando isso, porque no semestre passado estávamos nos formando e não tínhamos nem tempo e nem foco para trabalhar nisso. Hoje em dia estamos trabalhando para o desenvolvimento de metodologias que sejam aplicáveis a qualquer região onde possamos intervir.

Natalia – Ás vezes as pessoas veem que está errado, mas não sabem o que fazer e nos procuram. Ás vezes somos o start que a pessoa precisa.

UPSA – Vocês percebem que há um engajamento da população em aderir à ideia de cooperação?

Julia – Sim. Quando lançamos a página (no Facebook), em dois dias já tinha 600 curtidas. Não houve um investimento muito alto para isso. Hoje temos entorno de 1.200. É uma coisa que chama a atenção. As pessoas têm a necessidade de ocupar a cidade, de estar na rua. Nas cidades satélites isso acontece mais do que no Plano Piloto.

Eduarda – Mas isso está mudando em Brasília. A gente tem visto em vários eventos e ações temporárias pela cidade, como o Picnik. A legislação que está permitindo os food trucks também mostra que as pessoas querem estar nas ruas.

UPSA – E quais os próximos passos?

Julia – Por enquanto estamos nos organizando, e tudo tem acontecido de maneira muito natural. Estamos em uma fase de nos estruturar enquanto associação e de construir o nosso discurso comum. Vamos ao encontro do que defendemos, como é o caso atualmente do desenvolvimento de processos participativos para a revitalização da praça (Cel. Salviano Monteiro Guimarães) em Planaltina, visando um maior envolvimento e empoderamento da população no que diz respeito à ocupação dos espaços públicos.

Ascom UPSA

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